CLASSIFICAÇÃO DE RISCCO

CLASSIFICAÇÃO DE RISCCO

GRUPO DE ESTADIAMENTO

Todas as pessoas com suspeita de dengue devem receber o primeiro atendimento na unidade que procurarem. Após a avaliação e conduta inicial, mesmo que o paciente seja encaminhado para outros serviços de saúde, deve-se garantir o suporte de vida adequado para encaminhamento e prestar orientações quanto à rede assistencial. O seguimento deverá ser realizado conforme as orientações abaixo:

Azul – Grupo A
De acordo com a classificação de risco, os pacientes com os sinais e sintomas clássicos da dengue são classificados como Grupo A – azul. Esses pacientes necessitam de atendimento em Unidades de Atenção Primária em Saúde.


•Orientar tratamento em domicílio.
•Prescrever hidratação via oral de forma sistemática.
•Prescrever analgésicos e antitérmicos, se necessário, alertando o paciente para o risco da automedicação.
•É contraindicado o uso de salicilatos e antiinflamatórios não hormonais (ibuprofeno, diclofenaco, nimesulida, entre outros).
•Orientar o paciente quanto à necessidade de repouso.
•Orientar o paciente e/ou seus familiares/cuidadores sobre os sinais de alarme, especialmente no primeiro dia do desaparecimento da febre, e orientar sobre o que fazer frente ao surgimento dos mesmos.
•Após consulta e avaliação clínica, informar ao paciente que ele poderá realizar o tratamento no domicílio, porém orientado a retornar à unidade de saúde identificada no Cartão de Acompanhamento do Paciente com Suspeita de Dengue (Anexo I), se possível diariamente ou ao menos no primeiro dia do desaparecimento da febre ou em caso de surgimento de sinais de alarme.
•Organizar no serviço um fluxo diferenciado para agilizar as consultas de retorno.
•Orientar sobre a limpeza domiciliar de criadouros de A. aegypti.
•Preencher a ficha de notificação individual dos casos.
•Providenciar visita domiciliar dos ACS, para acompanhamento dos pacientes e seus familiares, em sua microárea de abrangência.
Medicamentos indicados para tratamento no domicílio: Soro de hidratação oral
Oferecido de maneira sistemática, conforme descrito abaixo:
Sintomáticos- 

Paracetamol
Criança: 10 a 15mg/kg/dose de 6/6h.
Adulto: 500mg/dose de 6/6h ou até o máximo 750mg de 6/6h.
Dipirona
Criança: 10 a 15 mg/kg/dose de 6/6h.
Adulto: 500mg/dose de 6/6h.

Verde – Grupo B
De acordo com a classificação de risco, o paciente com manifestações hemorrágicas espontâneas ou prova do laço positiva é classificado como Grupo B – Verde. Esse paciente necessita de atendimento em unidade com suporte para observação.
•Hidratação oral ou venosa supervisionada.
•O paciente com manifestações hemorrágicas espontâneas ou induzidas deve ficar em unidade com leito de observação por, no mínimo, 12 horas, com esquema de hidratação oral ou venosa supervisionado pela equipe de enfermagem e avaliação médica.
•A unidade deve ser dotada de condições para realização do hemograma completo, com liberação de resultado em tempo hábil (no mesmo dia), para avaliação e manejo clínico adequado e precoce.
•Na impossibilidade de realizar o hemograma na unidade de saúde, as amostras coletadas nessas unidades devem ser enviadas para unidade que disponha desse serviço, com prioridade de realização do exame ou estratégia que garanta sua realização e retorno dos resultados para a unidade de origem no mesmo dia.
•Após hidratação supervisionada e avaliação médica, o paciente poderá realizar o tratamento no domicílio e deve ser orientado para retornar diariamente à unidade de saúde identificada no Cartão de Acompanhamento do Paciente com Suspeita de Dengue ou em caso de surgimento de sinais de alarme.

•Providenciar visita domiciliar do ACS, para acompanhamento dos pacientes e seus familiares, em sua microárea de abrangência.

Amarelo – Grupo C
De acordo com a classificação de risco, o paciente com sinais de alarme é classificado como Grupo C – Amarelo. Esse paciente necessita de atendimento de urgência e deve ser encaminhado para um hospital de referência com maior suporte técnico.
•Fase de expansão com soro fisiológico ou Ringer Lactato: 20ml/kg/h (adulto/ criança), podendo ser repetida até 3 vezes.
•Reavaliação clínica de hora em hora e hematócrito após 2h.
•Melhora clínica e laboratorial: iniciar a fase de hidratação venosa de manutenção:
Adulto – 25ml/kg, de 6h em 6h (de acordo com a melhora, pode-se estabelecer frequência de 8h em 8h e até de 12h em 12h).
Criança – necessidade de hidratação diária (NHD) + perdas (regra de Holliday-Segar).
•Avaliar após cada etapa de hidratação.
•Paciente sem melhora clínica/laboratorial, tratar como Grupo D – Vermelho.

Vermelho – Grupo D
De acordo com a classificação de risco, o paciente com sinais de choque é classificado como Grupo D – Vermelho. Esse paciente necessita de atendimento imediato, receber HIDRATAÇÃO venosa vigorosa (fase de expansão) em qualquer unidade de saúde e ser transferido, em ambulância com suporte avançado, para um hospital de referência com leitos de UTI.
•Assegurar bom acesso venoso, de preferência em dois locais diferentes.
•Iniciar hidratação venosa com solução isotônica (20ml/kg em até 20 minutos, tanto em adulto como em criança) imediatamente.
•Se necessário, repetir o procedimento por até 3 vezes.
•Avaliar hemoconcentração (aumento do hematócrito).
•Reavaliação clínica (a cada 15 – 30 minutos) e hematócrito após 2h.
•Avaliar melhora do choque (normalização da PA, densidade e débito urinário, pulso e respiração).
•Em caso de melhora clínica e laboratorial, tratar o paciente conforme descrito para conduta do Grupo C, em unidade com leito de internação e com capacidade de realizar hidratação venosa, sob supervisão médica, por um período mínimo de 24h.
•Se a resposta for inadequada, avaliar hemoconcentração.
•Hematócrito em ascensão e choque: após hidratação adequada, utilizar expansores (coloide sintético – 10ml/kg/hora ou, na falta deste, fazer albumina: adulto 3ml/kg/hora, criança: 0,5g a 1g/kg/hora).
•Hematócrito em queda e choque: iniciar cuidados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
•Hematócrito em queda e choque: paciente necessita de avaliação médica de imediato, para investigar ocorrência de hemorragias.
•Na fase de absorção do volume extravasado, investigar hiperhidratação (sinais de insuficiência cardíaca congestiva) e tratar com diuréticos, se necessário.
•A persistência da velocidade e dos volumes de infusão líquida, de 12 a 24 horas após reversão do choque, pode levar ao agravamento do quadro de hipervolemia.
•Observar a presença de acidose metabólica e corrigi-la, para evitar a coagulação intravascular disseminada.
•Corrigir hiponatremia e hipocalemia.

Monitoramento laboratorial
•Hematócrito – a cada duas horas, durante o período de instabilidade hemodinâmica, e a cada quatro a seis horas, nas primeiras 12 horas após estabilização do quadro.
•Albumina a cada 12 horas.
•Plaquetas a cada 8, 12 ou 24 horas.
Exames laboratoriais e de imagem necessários para atendimento do paciente do Grupo D – Vermelho
• Hemograma.
• Dosagem de albumina.
• Coagulograma (TP/AP, TTPA).
• Dosagem de eletrólitos.
• Função hepática.
• Função renal.
• US abdominal.
• Raio-X de tórax.